QUEM FOI REI ...

QUEM FOI REI ...

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

          Tenho a impressão de que essa será a última postagem de 2015. Não sou expert em assuntos "blogacionais" mas fiquei muito satisfeito em perceber que, desde o dia 22 quando foi criado até agora, a madrugada do dia 31 de dezembro, o blog foi visto por 364 pessoas. Os comentários que recebi me deixaram bastante honrados. Gostaria de poder alcançar maior número de interessados em aquarela e de poder trocar ideias e impressões com os/as prezados/as leitores/as.
          Tomara que possamos realizar nossos sonhos e objetivos nesse ano que entra e que nunca cesse a vontade de pintar e evoluir, aumentando a alegria de ver nossos esforços recompensados com trabalhos cada vez melhores.
          Minhas obras postadas até agora foram executadas em papel 640 g/m². Essas duas de hoje foram feitas em papel 300 g/m² de um bloco comprado há muitos anos, de origem americana, prensado a frio, com textura média, nas medidas de (nesses dois casos) 45,7 x 15,2 cm ou 18" x 6". Vale acrescentar que em relação às medidas de obras de arte bidimensionais, a altura vem sempre primeiro e a largura em seguida.
          Como se trata de papel com medidas diferenciadas, não usei meus esticadores nem os prendi com fita gomada, uma vez que nesses dois processos perde-se um pouco das bordas das folhas. Para fazer meus céus com lavadas, usei rapidez, secador de cabelos e tecido-toalha para compensar os problemas decorrentes da deformação causada pela água.
          Além de aquarelista, tenho oficina de molduras e as faço para minhas obras (um dia conto essa estória). Temos sempre que pensar em quem vai emoldurar nossos trabalhos, deixando área de papel nas arestas suficiente para que se possa prendê-los no passe-partout (ppt), caso se opte por usá-lo. Todos os meus trabalhos são emoldurados de forma tradicional, devidamente montados em ppt de primeira, com fita ou cantoneiras arquivais e protegidos por vidro. Se se quiser que a aquarela dure, não há outro jeito. Para evitar problemas de reflexo do vidro nas fotos, mostro apenas obras que ainda estão fora da moldura, como é o caso dessas duas.
          As fotos estão sofríveis e não consigo editar a diagramação da página, mas dá para se ter uma ideia. Um dia aprendo...


1) Quimper                                                               2) Tintoretto's House / Casa de Tintoretto


      

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

          Outro quase desconhecido artista "...pra se guardar do lado esquerdo do peito..." para o qual tiro o meu chapéu e faço respeitosa e profunda reverência, chama-se Ettore Roesler Franz (1845 - 1907). Um mago da aquarela, sua copiosa produção emociona pela beleza, técnica insuperável e, o mais importante, pelo fato dele ter retratado a Itália, principalmente Roma, momentos antes de quase tudo ter sido demolido para modernização das cidades. É um raríssimo caso de artista competente no lugar certo e na hora certa. Para quem tem um mínimo de amor à aquarela, vale muito a pena fazer uma pesquisa na internet sobre esse Senhor.
          Coloquei apenas quatro das centenas de trabalhos de sua autoria. Não há necessidade de maiores comentários sobre as obras. Elas falam por si.

Da primeira obra não consegui descobrir título e data, infelizmente...




"Old Aquaduct" (sic), 1897 (não achei o título em italiano)




"Sponda del Tevere alla Regola" 1880

                                             



"Vecchie Case alla Lungaretta" 1885





Outras virão....
          Nos bons tempos do orkut, eu tinha por hábito agrupar em duas pastas, obras de aquarela que julgava importantes e atraentes, tanto do ponto de vista estético, como também técnico. Uma pena que o orkut foi encerrado e eu acabei não salvando as pastas. Vou recomeçar a coleção e relembrar algumas dessas obras que são uma festa aos olhos e um enorme incentivo ao estudo das alternativas que a aquarela nos oferece, quando a estudamos com mais profundidade.
          Algumas pessoas com quem troco ideias sobre pintura, citam prontamente a mesma meia dúzia de pintores como sendo seus prediletos. É minha opinião de que trata-se do triunfo da propaganda que nada mais fez do que repetir esses nomes à exaustão (e outros dos quais querem elevar preço das obras em leilões) criando assim um inconsciente coletivo, um "clubinho" que elencou os artistas de seu interesse, que estão "na moda", deixando de fora outros mestres que fizeram e fazem obras tão boas ou melhores que as do mencionado grupo. Há alguns anos atrás, por exemplo, houve uma "grandiosa" exposição sobre um determinado artista francês aqui no Brasil. Infelizmente, só mandaram da França obras inacabadas, estudos e trabalhos inexpressivos. A melhor obra dessa exposição era, sem dúvida, a do acervo de um grande museu paulista. Durante os anos que se seguiram, esse artista era considerado o predileto de nove entre dez pessoas consultadas.
          Como não concordo com essa linha de ação, sempre tive muito gosto em garimpar nos becos escuros da arte e, invariavelmente, acho preciosidades que pouca gente conhece e que, novamente na minha opinião, são de tão boa ou melhor qualidade do que as mostradas nas avenidas iluminadas da arte "chapa branca".
          Obviamente tratarei apenas das aquarelas e como são muitas, não há possibilidade de juntar todas em uma pequena postagem. Peço então, a paciência dos leitores para ver a minha seleção ao longo do tempo, pedindo encarecidamente colaboração para acréscimos de outros exemplos e/ou comentários pertinentes.
          Começarei com uma obra pouco conhecida de Archibald Thorburn (1860 - 1935), cujo título é: "Peacock and Peacock Butterfly", em tradução livre: " Pavão e Borboleta do Pavão". Trata-se de uma aquarela de grandes dimensões - 87,5 x 111,5 cm - verdadeiro tour de force artístico que é, inegavelmente, um tesouro. Esse artista escocês produziu uma série de aquarelas de animais, especialmente aves, de rara beleza, conseguindo no século XIX, efeitos cromáticos impressionantes, quase fosforescentes, nas penas.






Outro magnífico exemplo do que é possível fazer com aquarela é essa obra de Cornelis Christiaan Dommersen (1842 - 1928) intitulada: "The Montelbaans Tower, Amsterdam" em tradução livre: "A Torre de Montelbaans, Amsterdam". Difícil escolher uma obra dentre as inúmeras maravilhas produzidas por esse desconhecido pequeno mestre holandês.

      


Outras virão....

Baptistery, Canterbury Cathedral - Batistério da Catedral de Canterbury


domingo, 27 de dezembro de 2015

          Creio que a maioria dos aquarelistas usa papel de 300 g/m². É o mais encontradiço e considerado de boa gramatura para um bom trabalho. Há algumas alternativas um pouco mais leves, com 220 ou 265 g/m² e mais pesadas. Quanto menor a gramatura, mais difícil é o controle do papel quando aplicamos a aquarela, especialmente nas lavadas. Eles se ondulam e se distorcem muito, sendo necessário esticá-los antes de se começar a obra. Há diversas maneiras de fazer isso e cada um tem seu método predileto.
          Cheguei a confeccionar alguns equipamentos especiais para esticar meus papéis, padronizando a área das superfícies de acordo com os tamanhos dos papéis que tinha. São placas de compensado naval com perfis especiais de alumínio nas arestas, que prendem o papel molhado em todo o seu perímetro, sem a gosmeira habitual das fitas gomadas normalmente usadas. Há produtos industrializados semelhantes no exterior. Ao secar, o papel fica como um tambor, perfeitamente plano. Funciona muito bem, mas é a tal coisa, você tem sempre que carregar a placa junto e, ao final do trabalho, se usar as fitas gomadas, é necessário cortar o papel em volta.
          Hoje em dia há blocos de papel de boa qualidade que já vêm com as bordas coladas nas 4 arestas, facilitando em muito o inconveniente da distorção ao se aplicar água, mas criando outro...você tem que levar o bloco inteiro enquanto está trabalhando.
          Tendo em vista essas complicações, comecei a usar papéis de 640 g/m², muito mais grossos, que dispensam a fixação das bordas. É mais caro? Sim....bem mais caro, mas a vantagem é bem maior também. Não deforma, não há necessidade de fixação e a sensação de se trabalhar com papel mais encorpado é ótima.
          Trabalho também com papéis de 1000 g/m², mas trata-se de papel muito grosso; ótimo para se trabalhar, mas complicado para se emoldurar. É como se fosse uma tábua, difícil de fixar no passe-partout.
          Com o tempo, vamos conversando mais sobre papéis, como surgiram para os aquarelistas e seu preparo moderno.

sábado, 26 de dezembro de 2015

Termas de Caracalla / Caracalla Baths


          Não tenho interesse em elaborar tutoriais que ensinem a pintar com aquarela. A internet tem milhares deles. É melhor usar esse espaço para dar e receber boas dicas e observações, fruto da experiência pessoal de cada um. Sendo assim, vamos assumir que já existe conhecimento prévio por parte dos leitores. Cada um tem sua técnica e seu material que julga satisfatórios.
          Tenho a impressão de que, como tudo na vida, se se quer ter resultados melhores, deve-se usar materiais de boa qualidade. Não adianta trabalhar com aqueles blocos de "papel para aquarela", aquelas bisnaguinhas de "tintas para aquarela" que custam baratinho e aqueles pincéis de jornaleiro que os professores mandam o iniciante comprar nas papelarias da esquina. É uma enganação e o efeito no aluno quase sempre é o de desestimulá-lo para a aquarela. O resultado é sempre abaixo do mínimo. Por esses motivos, tanto se ouve dizer que a aquarela é uma técnica difícil, não admite erro, etc..... Nada mais longe da verdade.
          Não gosto muito de clichês mas às vezes são úteis:
a) Qualidade tem preço; e
b) Compre o material de melhor qualidade que puder; sempre.
          É claro que, quando a decisão de praticar aquarela é tomada, é necessário estudar e aceitar suas limitações. Essas limitações são bastante variáveis, de acordo com a qualidade do material que se usa. Só a experiência pode mostrar a cada um o grau de tolerância que cada papel, tinta ou pincel pode lhe dar. Já trabalhei com papéis caríssimos que não são, a meu ver, amigos do artista. É o caso de um determinado papel inglês que usei com o qual não me adaptei logo nas primeiras pinceladas e, no entanto, é um dos prediletos de uma colega. Alguns pincéis ditos de boa qualidade, em poucos mergulhos na água, viram espanadores.
          Aqui no Rio de Janeiro, são poucas as lojas que têm material de boa qualidade à disposição do aquarelista. Na internet o interessado acaba achando, mas os preços são extorsivos. Uma boa alternativa é comprá-los no exterior e enviá-los ao Brasil. Mesmo com as taxas alfandegárias, o valor final compensa.
          Não tenho como meta fazer lista de lojas especializadas e elencar marcas de materiais de melhor ou pior qualidade, para evitar favorecimentos, mesmo que não intencionais. Não tenho compromisso com ninguém nem com empresa alguma,
          Quem se interessa de verdade pela aquarela, já tem suas marcas preferidas e sabe onde as encontrar. Quando viajo ao exterior, sempre trago papéis, tintas e pincéis. É nesse tripé, salvo melhor juízo, que o aquarelista deve se concentrar para conseguir executar trabalho de melhor qualidade.
          Como devem ter visto nas aquarelas que postei (e vou continuar postando), todas de minha autoria, tenho um viés bem conservador e "acadêmico" para as minhas obras. É o meu jeito e gosto assim. Sou firme defensor de que, para se fazer uma boa pintura (não que considere as minhas boas, bem entendido), há que se ter bom desenho. Um dos artistas de maior expressão da França, Jean-Auguste-Dominique Ingres, tão amado e tão odiado (injustamente) disse, dentre tantas outras citações semelhantes e em tradução livre: "O Desenho é tudo, exceto a cor." Creio que ele está certíssimo. Mesmo para os abstracionistas, contemporâneos, etc... é fundamental ter sólida base de desenho artístico para depois, se achar do seu gosto, enveredar por outros caminhos. Basta observar que quase todos os grandes artistas modernos tiveram, no início, boa formação de desenho. Salvador Dali, por exemplo, nas suas mais oníricas obras, aplica sólidos conhecimentos de desenho.
          Quando comecei tardiamente minha jornada na arte, já sabia da importância do desenho. Fiz questão de procurar um orientador que me desse essa base e felizmente o encontrei na pessoa do meu saudosíssimo e inesquecível Professor Viçoso Freire, um pequeno português de gigantesca sabedoria e humildade, de quem me lembro TODAS as vezes que lanço o desenho de uma nova aquarela. Nunca me deixou pegar em cor por 2 anos. Me ensinou o que pôde do desenho artístico. Ficou muito aborrecido quando eu lhe mostrei um pequeno óleo que havia feito em casa, pois meu treinamento no desenho ainda não havia terminado. Infelizmente, ele faleceu logo depois e o que se seguiu achou que pintar era mais importante que ensinar os fundamentos do desenho de forma correta e, na sua primeira aula, já entrou com cor. Após algum tempo, obviamente, abandonei as aulas com essa pessoa e prossegui de forma autodidata no óleo. (continua...)


quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

          Aquarela é qualquer pigmento artístico que contém ou é diluído ou manipulado com água. Isso inclui têmperas, tintas acrílicas e vinílicas. Para nós, entretanto, só interessa o pigmento artístico que usa goma arábica como aglutinante.
          Apesar da história da aquarela remontar à pré-história, desde as cavernas de Lascaux, passando pelo antigo Egito, Idade Mádia, Renascimento, etc...nossa atenção se prenderá à aquarela que se desenvolveu à partir da Escola Inglesa do século XVIII e século XIX. É a aquarela moderna, que usa papel como substrato e base, que nos interessa.
          Alguns "puristas" referem-se à aquarela como o uso da tinta apenas para lavagens transparentes. Tintas transparentes e opacas são praticamente idênticas e, para todos os efeitos, produzem resultados igualmente satisfatórios. Só para ilustrar, basta dar uma olhada na majestosa coleção de aquarelas de John James Audubon, retratando pássaros ou as belíssimas marinhas de Samuel P. Jackson, que rivalizam com qualquer pintura à óleo. Nenhum desses dois artistas, além de milhares de outros nomes de expressão, usa apenas transparências em seus trabalhos.
          Outra definição míope é a de que o branco da aquarela deve ser apenas o branco do papel. Todos os grandes nomes da aquarela usaram pigmentos brancos. Alguns, inclusive, usaram gouache (que também é uma forma de aquarela opaca) branco para luzes e acabamentos, sem que isso tirasse o mérito da obra. Quem, em sã consciência, criticaria Turner ou Isabey por usar esse recurso?


Velha Casa / Old House
                                                                                
Caros/as amigos/as
Sendo praticante e entusiasta da AQUARELA como técnica de pintura, é com enorme prazer que inicio a atividade deste Blog, na esperança de contribuir para o desenvolvimento da técnica, assim como para a sadia confraternização dos interessados.
É minha primeira tentativa nessa área e espero, ao longo do tempo, acrescentar informações interessantes, artigos pertinentes e postar obras de aquarelistas que tenham interesse em mostrar seus trabalhos.